terça-feira, 8 de julho de 2014

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É, este gif resume bem a superderrota do Brasil
Chega um momento na vida em que devemos parar, pensar e refletir sobre nossos atos. Sejam eles bons ou ruins, já se sabe: irá ecoar ali na frente. Talvez cedo ou mais tarde, deve-se pensar sobre qual o verdadeiro objetivo do que se busca na vida, ou no momento, e concentrar-se nesta meta. Caso contrário, os resultados podem ser desastrosos.
O Brasil, hoje, vive um dia atípico. Talvez, daqui a vários anos, quando alguém vier a admirar este texto, perceberá que houve uma época em que sofremos a maior derrota de nossa história futebolística, e foi neste oito de julho. Atrás, ficou um passado; o futuro, a partir de agora, ninguém pode imaginar.
Não é todo dia que se sofre uma humilhação como a da Seleção Brasileira, frente à Alemanha, em plena semifinal da Copa do Mundo de 2014. Mais fantástico, se não fosse trágico ao extremo, é imaginar que o Mundial é disputado em solo brasileiro, em estádios construídos para abrigar, em sua maioria, a torcida brasileira, de uma maneira que somente nós conseguimos expressar. A super-goleada de 7x1 a favor dos europeus chama a atenção para problemas que talvez não notássemos antes, ou fingíamos que não queríamos ver.
O futebol mudou bastante nas últimas décadas. Mesmo levando em consideração que o Brasil venceu praticamente uma Copa por década, desde 1950, exceto nos anos 80 (mas quase, pois houve a fatídica Tragédia do Sarriá, em 1982), há de se considerar que o país (1) consegue se adaptar bem às mudanças que o esporte exige, de certa forma, e (2) o Brasil geralmente ganha devido ao peso da camisa que tem, e só.
Veja bem, surgirão unidades de explicações para este placar tão bizarro quanto verdadeiro, ao raiar dos próximos dias, semanas e meses. Excesso de experiência, excesso maior ainda de inexperiência, treinos inexistentes próximos a decisões, declínio técnico de jogadores que não sabem posicionar-se em campo, olhar um jogador em condições, chutar uma bola, confiança exagerada do treinador, espírito de equipe alemão, ausência de peças importantes na nossa equipe, enfim. Não dá. Nada justifica.
O gif acima ilustra bem o que aconteceu, quando ainda estava sete a zero para os alemães: não havia espaço no placar oficial para tantos gols, e ele teve de subir mais um pouco a cada frame para exibir na tela nossos mais novos carrascos.
Claro que estou tão chateado, acuado, como todos os que gostam do futebol, do futebol da Seleção Brasileira, que nos ensinou e inspirou a jogar. E o motivo é simples: o país não esquecerá este momento, jamais. Porque hoje, o Brasil deixou de ser Brasil.

ATUALIZAÇÃO - 09/07: Alguma alma caridosa colocou o vídeo do scroll. Nem por isso deixa de ser chocante.


quarta-feira, 2 de julho de 2014

As duas rodas pedem passagem


Na busca por novos espaços para transitar nas cidades, os ciclistas buscam meios mais práticos para driblar os congestionamentos e melhorar a qualidade de vida.

Mais espaços públicos para ciclistas e melhoria dos já existentes. Estas são as principais reivindicações da população do Vale do Sinos, consciente de que muito ainda pode ser feito pelo poder público e pelos próprios moradores para garantir maior qualidade de vida aos praticantes desta atividade. O marceneiro Darlei Fröhlich, 38, morador de Dois Irmãos, é um exemplo. “Preciso ir a Sapiranga para praticar o ciclismo”, afirma. Ele, que nas horas vagas participa de um grupo de ciclistas profissionais, com sede na Cidade das Rosas, tem opinião favorável aos espaços disponíveis. “A ciclovia daqui é boa, mas penso que pode melhorar ainda mais”.


Fröhlich: “ciclovia é boa, mas pode melhorar ainda mais” (foto: Arquivo pessoal)

Em Sapiranga, também conhecida regionalmente como Cidade das Bicicletas, devido à grande proporção entre o número de habitantes e o de ciclistas em geral, nem todas as opiniões são unânimes. “De modo geral, os motoristas respeitam pouco os ciclistas”, relata o comerciante Aírton Paiva, o Nico, 44. Proprietário de uma loja que vende artigos para a prática do ciclismo na principal avenida do município, ele defende que deve haver conscientização por parte dos usuários de meios de transporte em geral. “Acho que eles [os ciclistas] também devem ter respeito no convívio com outros meios”, diz, enquanto observa a ciclovia inaugurada há dez anos, e que possui um trecho em frente a seu estabelecimento.

Para a administração municipal de Sapiranga, o apelido recebido pela cidade é motivo de orgulho, apesar da diminuição no número de ciclistas nos últimos anos. “Ser reconhecida como Cidade das Bicicletas é algo valioso, mesmo que atualmente a quantidade de bicicletas tenha mudado. Estamos trabalhando formas de voltar a incentivar o uso delas; com isso, o trânsito pode fluir melhor”, explica o Secretário Municipal de Segurança Pública e Mobilidade Urbana, Delso Ivan Civa. Ele também exalta o fato de haver estatísticas sobre o número de bicicletas em Sapiranga, algo incomum para outras cidades. “São cerca de trinta mil”, afirma, categórico. Para uma população de cerca de 78 mil habitantes, segundo estimativas do IBGE para 2013, é um número bastante considerável.

A questão também preocupa outras cidades da região. Em Novo Hamburgo, maior município do Vale do Sinos, recentemente a inauguração de uma ciclofaixa pública, por parte da Prefeitura, com 4 quilômetros e meio de extensão, ligando a Zona Sul ao Centro, foi resposta a uma solicitação antiga dos moradores. O espaço é comemorado por alguns. “Utilizo bastante a bicicleta para lazer e também para me deslocar ao trabalho. Pena que não há ciclovias em outros bairros também, pois já sofri um acidente onde não havia este tipo de opção para os ciclistas”, conta o impressor serigráfico Carlos Morais, 55 anos, morador da cidade há pelo menos trinta e cinco.


Morais: acidente trouxe preocupação para o impressor (foto: arquivo pessoal)

Para outros profissionais do trânsito, que diariamente convivem com bicicletas e demais veículos, a maior preocupação é a imprudência nas ruas e avenidas, mas pode haver um convívio saudável entre motor e pedal. “As ciclovias aumentam a segurança dos próprios motoristas”, relata o taxista Gilmar Celistre, 43, há quatro anos na função. Ele reforça que a responsabilidade por desastres pode ser tanto de uns quanto de outros. “Quase não se houve mais falar em acidentes envolvendo ciclistas e motoristas, mas, quando ocorrem, geralmente é devido ao descuido de uma das partes”, destaca.

De acordo com a diretora da DITRAN (Diretoria de Trânsito), Regina Soares, as obras da ciclovia da Av. Nações Unidas fazem parte do conjunto de melhorias trazidas com a vinda do trem ao município. Para ela, houve apoio de diversos órgãos na obra. “A construção da ciclovia faz parte de uma série de obras complementares da expansão da Linha 1 do Trensurb, solicitadas pela Prefeitura com o apoio do Governo Federal”, diz. Sobre a aceitação por parte da população, ela destaca que há acúmulo de pessoas a pé também no local, o que não é o recomendado. “[A ciclovia] acaba sendo usada de forma mista, por ciclistas e pedestres, devido à maior parte da população não ter o hábito de praticar o ciclismo”. Também estão na pauta novos projetos. “Estão previstas a construção de duas novas ciclovias, uma ligando o bairro Hamburgo Velho ao Centro, com cerca de 1300 metros de extensão, e outra na Avenida Alcântara, no bairro Canudos, de 1900 metros”.

Enquanto isso, a população aproveita o espaço disponível. “Para mim, a ciclovia diminui o risco de acidentes e atropelamentos”, completa Carlos.


Celistre: descuido de uma das partes é principal causa de acidentes (foto: Arquivo pessoal)

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(Pauta realizada em abril e maio de 2014 para a disciplina de Jornalismo da Universidade Feevale.)

ATUALIZAÇÃO - 05/01/2015- : Esta pauta concorre no 2º Prêmio Mentes Brilhantes, da Universidade Feevale, na categoria Reportagem - Impressa ou Digital. Em março sai o resultado.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Orkut, o fim

Levantei-me da cadeira, confesso, quando fiquei sabendo. Sentei de novo. Fazia tempo, bastante tempo até. Meu último contato com o Orkut foi em janeiro, quando da ocasião da postagem que justamente celebrava os dez anos de nascimento da ferramenta que trouxe o conceito de redes sociais para o Brasil. Mas desta vez, a ocasião é outra. E bem mais confusa.
O Orkut, claro, revolucionou. Com ele, você que tem contato com a internet há mais de cinco anos certamente jogou, leu, escreveu depoimentos, scraps, criou seu avatar no BuddyPoke, enfim, contribuiu para esta massa de ideias e sentimentos que dominou o país, e só. Em nenhum outro lugar o donut rosa provocou tanta paixão.
Dava pra imaginar a web sem o Orkut? Sim, claro que dava. Mas provavelmente muitos tiveram seu primeiro contato com a interwebs lá, e sem rodeios. Lembro da época em que tinha cerca de doze anos e o sonho de consumo era ele. Aquele site, onde só com convite entrava. Como uma festa 212 VIP, exatamente para poucos, privilegiados.
Como qualquer festa para adolescentes, tem uma hora em que o DJ procura variar os ritmos, alcançar um tom nostálgico, agradar a todos igualmente. O Orkut cresceu, multiplicou-se, liberou inscrições sem a necessidade do ingresso antecipado, visou o Brasil numa época em que smartphones ainda era para poucos, iPhone então, talvez nem existisse. Na proa da revolução digital, de certa forma a inovação. Justifica-se, até hoje há certo fascínio em redes sociais ou serviços em que é necessária pré-inscrição (obrigado por lembrar neste momento do Google Glass).
Tá, mas se o Orkut era bom, por que era bom? Justamente, cansou. Mas tenho algumas ideias:

Cessou a inovação: pioneiro da criação e manutenção de comunidades, que de certa forma davam aquele ar de superioridade ao arrendatário (muitas comus eram mantidas pelo perfil <nome da comu> Oficial), além de liberdade de censurar ou não opiniões, recados individuais e até pirataria controlada (já falei do Discografias no outro post), o Orkut simplesmente parou de receber ideias por parte de seus desenvolvedores. Sem um canal oficial de atendimento ao usuário - como quase tudo no Google -, ficava difícil saber o que o orkuteiro gostaria de ver na rede social.

Concorrência acirrada: lembre-se que, de tão inovador, o Facebook já virou livro, filme e ação na Nasdaq. A grande sacada foi fazer sucesso no mundo inteiro, e, por isso mesmo, começar a ter moral aqui depois.

O mobile é seu inimigo: deve ter sido isso que o Google pensou. O Orkut no celular nunca daria certo, e não deu mesmo. Quem afirmam são os usuários do app oficial para Android (Atualização: ex-app. Ele já foi retirado da Play Store, então, o link anterior é o do Web Archive), e dá pra entender o tamanho do público que NÃO foi atingido com isto.

Perda de espaço para novas ferramentas: como o Google+, que passou a ter toda a atenção e o mínimo de usuários ativos.

As causas são variadas, mas agora já não há solução. O Orkut virou estorvo para o Google, e para a internet em si. O blog dele, inativo desde 2012, voltou a ser utilizado. Para enterrar o já falecido, talvez. Para liberar espaço nos servidores em Mountain View, ou em Belo Horizonte. Ou então, somente para deletar nossas lembranças por lá.