domingo, 29 de junho de 2014

Ué, por que o blog está diferente?

Pois é, não foi só você que notou. Desde a última semana, o Revista O Mate está com postagens mais elaboradas, e mais frequentes até - tudo bem, duas em sete dias, mas é algo a ser considerado. Só que tem um motivo.
O blog será a partir de agora também um portfólio online. Praticamente obrigatório para todo candidato a jornalista que estiver se graduando na profissão, a ferramenta é útil tanto para divulgar a própria escrita quanto para avaliação; até por isso, a formatação dos posts está diferente.
E, como você já deve ter percebido, estou cursando a graduação em Jornalismo na Universidade Feevale, aqui na minha cidade, Novo Hamburgo, RS. Por conta disto, tanto a postagem sobre a Fan Fest em Porto Alegre quanto a entrevista com o jornalista André Haar, foram tarefas exigidas pelo curso, por disciplinas específicas. Nada muito artificial, o blog sempre vai estar à disposição para emendas pessoais também. Mas algumas dúvidas podem surgir neste processo.

Por que não criar um blog só para o curso?
Não era necessário. Primeiro, porque poderia ser utilizado um blog já existente, além disto, tem o fator legado a ser levado em consideração.

Como assim, "fator legado"?
Leia aqui para mais detalhes. De preferência com atenção.

Por que o post do André Haar ficou com formatação diferente dos outros?
Fiz o documento no Google Docs. Quando colei aqui, ele ficou com esta formatação mesmo. Como tinha data para entregar o post, e ela estava se esgotando, deixei mais ou menos como estava.

Seus colegas fizeram blogs também?
Sim, e a lista deles está aqui. Mas talvez você só vai conseguir visualizar se for aceito por um dos admins do grupo :)

A cara do blog vai mudar?
Não, por dois motivos. O primeiro é que não sou administrador do Revista O Mate, só o Felipe era. Tenho permissão apenas para criar, editar e remover posts. O segundo é que acho que está bom assim, com uma cara limpa e, principalmente, sem muitos gadgets nas laterais.

E é isto. Embora o blog em si mude, só vai alterar um pouco o estilo de postagens, tornando-se mais técnico. É necessário, e aposto que será melhor para ler, curtir e levar a sério o que se escreve aqui.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Entrevista: André Haar

André Haar: jornalista fala aos alunos da Universidade Feevale (Foto: Divulgação - Eduarda Neves/Facebook)

Poucos nomes são tão respeitados no cenário jornalístico do Rio Grande do Sul como o do porto-alegrense André Haar. Atualmente com 44 anos, iniciou a carreira na Rodoviária de São Leopoldo, de onde veiculava informações diariamente sobre as partidas dos ônibus. Sua ambição levou-o a migrar para a Rádio União FM, após divulgar informações inéditas sobre um desaparecimento ocorrido na Serra Gaúcha, e o qual ele conduziu uma investigação independente.
Mas Haar não estava satisfeito. O ápice de seu trabalho ocorreu na televisão, onde iniciou em 1991, no extinto Jornal do Rio Grande, pela TV Bandeirantes. Passou ainda por Canal Rural, RBS TV - onde foi o âncora do Jornal do Almoço e RBS Notícias - e TV Record, onde está desde 2007. No momento, apresenta o telejornal Rio Grande no Ar, nas manhãs no canal 2 de Porto Alegre.
Graduado em Jornalismo pela Feevale, e vivendo há trinta anos em Novo Hamburgo, Haar retornou nesta quinta-feira à sala de aula da mesma universidade, mas desta vez para uma conversa informal com este blog. Confira:


Como é lidar com a emoção no jornalismo?
Costumo dizer que tenho grande carga de adrenalina. Já enfrentei situações em que tive de cobrir tragédias, como em Santa Maria [em 2013, o incêndio na Boate Kiss] e o Caso Bernardo [Bernardo Boldrini, de 11 anos, foi morto e enterrado no interior do Rio Grande do Sul, em abril de 2014. O pai e a madrasta são os principais suspeitos do crime], mas lido bem com a situação. Fiquei com os olhos cheios d’água em algumas situações, mas só.


E com as críticas ao seu trabalho?
Meu trabalho é diário, ou seja, preciso ser a voz da sociedade no momento em que sou exigido; as críticas fazem parte do processo. Claro que muitas vezes erro, mas, no fundo, me dói um pouco, mesmo que às vezes não as aceitamos.


Como você define o estilo de jornalismo de seu programa?
Meu jornal é apresentado no horário do café da manhã, num horário em que as pessoas, muitas vezes, ligam a televisão mas estão prestando atenção em outras atividades em casa. Procuro manter o foco nas manchetes das notícias, pois, com uma manchete bem elaborada, por vezes a atenção do telespectador pode ser direcionada.


Como o índice de audiência influencia seu trabalho?
A audiência é muito importante, medimos a todo momento durante o jornal. Por várias vezes empatamos, ou até ultrapassamos a RBS TV no mesmo horário. Se alguma notícia que estou apresentando faz o IBOPE subir, sou orientado pelo editor-chefe, no ponto eletrônico, a realizar comentários sobre ela no ar.

Qual foi o momento mais marcante de sua carreira, na sua opinião?
Sem dúvida quando eu estava em Jerusalém, um dia após os atentados de onze de setembro de 2001. Viajei a serviço da RBS TV, e acompanhava uma excursão de prefeitos do Vale do Sinos, em visita a Israel. Liguei para minha editora-chefe e disse que havia feito umas imagens de manifestações na região e coletado algumas entrevistas, mas achei que não seria nada importante. Depois de dez minutos, ela me ligou de volta, e perguntou se eu havia levado terno e gravata, que eu faria uma pauta para o Jornal Nacional. Foi algo extremamente marcante para mim, pois sempre sonhei em apresentá-lo.


Quais são suas referências jornalísticas?
Sempre admirei muito o trabalho do Cid Moreira e do Sérgio Chapelin, por eles serem justamente âncoras do Jornal Nacional [de 1972 até 1983]. Quando conheci-os na Globo, em São Paulo, foi para mim um grande momento.


Você se considera melhor repórter ou apresentador?
Não sou repórter, não gosto de fazer reportagens. Gosto de apresentar as notícias.


Quais as principais diferenças em relação ao jornalismo praticado pela Record e pela RBS?
A principal diferença é que, na Record, há mais informalidade, deslizes podem ser retificados mais tarde. Na RBS, gafes são menos toleradas.


Você tem algum recado para os futuros jornalistas?
Acredito que as pessoas vencem na vida não por sorte, mas sim por competência própria. Indivíduos que não pensam assim costumam ter o hábito da idealização, que é a criação de um objetivo na vida a partir das expectativas dos outros. Por exemplo, quando seus pais afirmam que você irá se graduar naquilo que eles querem, e não se baseiam em suas opiniões pessoais.
Muitos estudantes ingressam na faculdade de Jornalismo para tentarem ser famosos, ou conseguir fama e sucesso. Meu recado é: se você imagina desta forma, é melhor nem tentar a graduação.


Você é feliz fazendo o que faz?
Sim, sou muito feliz, o jornalismo é minha vida. Sempre quis fazer o que faço hoje.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Aqui fora, a festa é a mesma

É um dia frio. A brisa sopra leve do Rio Guaíba, logo ao lado, mas não tira a angústia de torcedores que, empunhando bandeiras, camisas e rostos pintados, observam o grande telão. Na imagem, uma partida entre duas seleções, que estão jogando ali próximo, no Estádio Beira-Rio, uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Aos poucos, o sol vai dando lugar à escuridão, as camisas são escondidas pelas blusas mais pesadas, a agonia é substituída pela emoção - ou frustração, dependendo do lado em que você está. Seja bem-vindo à FIFA Fan Fest.
Criada em 2002 pela entidade que organiza os Mundiais de futebol, e ocorrendo a cada quatro anos na mesma sede da competição entre seleções, o evento gratuito destina-se a acolher a grande maioria de turistas que quer viver o clima da Copa, mas não conseguiu ingressos para adentrar à arena do espetáculo. Aqui, do lado de fora, a festa não dura somente os noventa minutos da partida, mas dias inteiros.
Fui a um destes eventos em uma ocasião ainda mais especial para muitos dos visitantes. A partida entre Argélia x Coreia do Sul ocorreria naquele dia, e poderia ser a oportunidade de ver como a paixão pela equipe poderia superar as fronteiras oceânicas. Argelinos cruzaram meio mundo para chegar a Porto Alegre; coreanos, um planeta inteiro. Nada poderia tirar a fantástica sensação de estar em um lugar totalmente novo, com uma cultura diferenciada - se para brasileiros o Rio Grande do Sul já é território desconhecido, o que dirão os estrangeiros.
Grata surpresa quando chego: um trio elétrico com torcedores argelinos na subida da avenida Borges de Medeiros, para quem sai do Mercado Público em direção ao Centro Administrativo, em uma trilha urbana de cerca de dois quilômetros, bem sinalizada, intitulada propositalmente "Caminho do Gol". Músicas em árabe dão o tom da festa, mas chama a atenção a quantidade de câmeras apontadas para os torcedores, dada a dimensão e a espontaneidade do evento.

Festa argelina em Porto Alegre: praticamente em casa (Reprodução/Facebook)

À medida em que me aproximo do Anfiteatro Pôr-do-Sol, novas manifestações ocorrem, mas dando a entender que os africanos do norte estão mais confiantes no resultado da partida do que os leste-asiáticos, mesmo que, até ali, ambas as seleções necessitavam da vitória para continuar sonhando com uma vaga na próxima fase. A Argélia havia perdido o primeiro jogo para a Bélgica; a Coreia do Sul empatara com os russos.
Na Fan Fest, tudo é clima de festa, realmente. Torcedores com bandeiras da Bélgica, Austrália, Rússia, México dividiam espaço com as duas seleções a se enfrentarem no Beira-Rio, e é claro, com muitos brasileiros e... argentinos. Dezenas deles. A Argentina é a próxima equipe a jogar em Porto Alegre, contra a Nigéria. Duzentos mil hermanos são esperados para esta partida, somente na capital gaúcha.
Chega próximo das dezesseis horas e a maioria dos argelinos e sul-coreanos somem. Provavelmente tomam o rumo do estádio, que logo mais toma conta do telão instalado acima do palco principal da Fan Fest. A imagem, em altíssima definição, mostra a arena pintada de verde e vermelho, as cores de Argélia e Coreia do Sul. Aqui embaixo, tive sorte. Logo, um grupo de três argelinos se instala em minha frente, para acompanhar o jogo ali próximo.
No campo, vitória da seleção africana, 4 a 2. Que bom, estava torcendo por eles, tanto pela simpatia demonstrada quanto pelo entusiasmo geral da torcida verde-e-branco.

Turistas argelinos acompanhando o jogo da seleção nacional na Fan Fest: emoção estampada nas bandeiras (Reprodução/Facebook)
 
Vi gritos, vivas e certas lamentações por vezes, câmeras de TV procurando curiosos - os turistas diante de mim foram entrevistados pelo menos três vezes - e pessoas somente interessadas pelo espetáculo. Mas vi principalmente o que a paixão pelo futebol consegue inspirar nos seres humanos, residentes ou estrangeiros, independentemente de idioma. Mais ou menos como afirmou o presidente da FIFA, Joseph Blatter, em citação trazida pelo site oficial da entidade: "A Fan Fest vai continuar a ser uma parte fundamental das edições futuras da Copa do Mundo. Essa decisão foi tomada há muito tempo, e pelos próprios fãs."