terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Flappy Bird: o sucesso que bateu no cano

Nas últimas semanas, e em especial há alguns dias, o vício em jogos para smartphones e tablets ganhou um novo representante: o Flappy Bird. Se você esteve longe dos principais sites de tecnologia ou mesmo sem nenhuma conexão com o mundo online, provavelmente não deve saber do que isto se trata. De qualquer forma, é uma história de amor e ódio.
De acordo com o Google Trends, o título começou a despertar interesse mundial a partir da última semana de janeiro. O game, que não dava mostras ainda de ser o sucesso que se tornou, estava numa trajetória ascendente de interesse por parte dos usuários, já que era gratuito e relativamente fácil de manusear, mas difícil de concluir.

Não quis clicar no link acima? Tudo bem, a gente mostra o gráfico para você





Neste ponto, é bom explicar como o Flappy Bird funciona, para entender o restante do post. A mecânica dele é simples, assim como o objetivo. Você conduz um pássaro da espécie 8-bits em um cenário 2D, similar ao Mario's World (aquele mesmo), e deve apertar na tela inúmeras vezes para que o mesmo se mantenha em voo. Cada toque é um impulso, e você deve deixá-lo guiar-se pela gravidade para fazer subi-lo e descer, conforme passa no meio de canos acima e abaixo dele. Encostando-se em um deles, é game over na certa.

É isto. Bonitinho, não? Fonte: Venture Beat



É claro que a ideia é fazê-lo voar o máximo possível, e cada cano ultrapassado vale um ponto. A dificuldade dele é tanta que há um esquema de "medalhas", offline até onde sei, onde vinte canos corresponde a prata e dez canos bronze (no momento desta postagem não havia passado de 29), mas claro que há ouro e até platina para os mais equilibrados.
Flappy Bird é física, pois permite controlar o voo do pássaro em relação à gravidade que quer fazer com que você bata a cabeça nos canos; é matemática, pois você deve calcular o número de toques na tela para fazer com que o animal virtual passe entre as peças; é psicologia também, por treinar o equilíbrio e concentração do jogador - é quase yoga.
E aí nos voltamos ao desenvolvedor. Vietnamita e empreendedor, o jovem Dong Nguyen virou o nome mais comentado do meio tecnológico assim, ao acaso. Seu game foi baixado por milhões de pessoas, ele primeiramente gostou do sucesso mas experimentou o gosto amargo dos 15 minutos milhões de downloads de fama. Dong sentiu-se vazio, triste e solitário. Prova de que o dinheiro é móvel, assim como as plataformas em que lançou o Flappy Bird: cinquenta mil dólares por dia, só em anúncios. E ele resolveu tirar o jogo do ar.
Seu Twitter, @dongatory, ficou lotado de usuários confusos, e que principalmente o acusavam de ter realizado uma grande jogada de marketing, além de ter recebido ameaças da Nintendo, que, por ora, justifica-se, até mesmo se fosse verdade. Os canos não são patenteados, mas são similares aos vistos na série do encanador mais famoso dos games.
Flappy Bird não está mais disponível para iOS, tampouco Android, mas usuários já realizaram façanhas para manter o jogo às luzes da Internet. Criaram páginas com os arquivos do mesmo, para download não oficial, ou criaram leilões para vender smartphones com o jogo instalado por preços absurdos.
Depois desta, Dong sumiu, e seus tweets não são mais visíveis desde o último sábado, 8 de fevereiro. De todas as formas, Flappy Bird pode ter sido um viral passageiro. Ou mesmo um bater de asas rápido de um pássaro, que voa mas não se sustenta no ar por muito tempo. Cai pela falta de forças, ou porque bate na parede da realidade; fazer sucesso no mundo virtual é sujeitar-se a todo tipo de crítica.